O FANTÁSTICO MUNDO DOS SOLTEIROS (ONDE NINGUÉM ENCONTRA NINGUÉM)
Preste atenção num fato curioso: tem muita gente solteira, maior
de idade, vacinada, que tem Facebook (e um monte de outras redes sociais) e que
fala com dezenas de pessoas diariamente. Gente nova num tweet, amigo de algum
amigo teu que conheceste no bar,um estranho que elogiou o livro que você lia no
metrô, a guria nova que comentou na sua foto do Instagram: nada é restrito
apenas ao mundo online. No fim do dia, eu e você vamos ao Facebook causar um
pouquinho e perguntamos, bradamos, fazemos panelaço sentimental num grande
protesto levantando uma bandeira com os dizeres “Por onde andam as pessoas
interessantes?”
O problema é que a gente tá esperando cair do céu um ser humano
formado por uma lista infindável de características que a gente pediu pro Papai
Noel, sem se dar conta que nem Papai Noel nem o tal do ser humano perfeito
existem. Tentamos o tempo todo encontrar pessoas perfeitas, feitas de filme,
gente que a gente adoraria assistir sentado no cinema. E quando a gente dá de
cara com alguém que trabalha, estuda ou faz os dois, que mora longe, que não
gosta exatamente das mesmas coisas que a gente, que vota diferente, que tem
cabelo de uma cor engraçada, coisa e tal, a gente grita PRÓXIMO!
Num mundo em que encontros são tão fáceis, a gente não para de se
esbarrar. Esbarramos em alguém, damos uma breve olhadinha e se a pessoa não for
exatamente aquilo que a gente quer, a gente volta pra multidão pra esbarrar de
novo. Falta tolerância e foco. Tolerância pra entender que nem sempre um amor
bom vai caber no nosso check-list, nem sempre vai se mostrar à primeira vista.
Foco pra ficar um tempo no mesmo lugar e conhecer um pouco mais sobre quem a
gente encontra; afinal de contas esse é o tal sentido do encontro, todo o resto
é esbarrão. Se você não perde alguns encontros, horas, papos e tudo o mais,
como é que pode ter tanta certeza que não era a tal pessoa?
Você vai me dizer que nem pede muito, que esse não é seu problema.
Que as pessoas que aparecem é que não te dão borboletas no estômago, não te
causam azia sentimental. Mas como é que você quer sentir isso se você nem dá
oportunidade pra que ela te cause isso, se ao primeiro sinal de descontentamento
você pula pra próxima? Se ao invés de focar nela, você fala com mais 5 pessoas
ao mesmo tempo torcendo para que algo dê certo nessa roleta russa amorosa.
O problema do mundo dos solteiros são os próprios solteiros. As
regras não mudaram, nós é que nos tornamos exigentes demais pra coisas que nem
podemos oferecer. Nós é que ganhamos um monte de ferramentas de comunicação que
nos apresentam diariamente mais e mais pessoas e não sabemos lidar com isso.
Pessoas interessantes existem ao montes, mas quanto tempo demora para você
realmente identificar isso em alguém? Eu não sei. Enquanto escrevia esse texto
já estava bolando a minha próxima paixonite (sendo que a última nem tinha
esfriado). Esbarrões, saca? Voltei pra multidão. E você provavelmente também fez
isso.
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Fonte: Escrito por Daniel B. via Loucura Engarrafada
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