
Cantei ao burguês e acabei vendido.
Queria poder não tomar decisões
Errei quando mais precisava acertar
E acertei zombando de quem errou à minha volta.
Em ambas as vezes paguei caro... e me arrependi
Queria gritar à Deus as injustiças que cometem no mundo
Mas me calo sempre que ouço um choro.
Queria poder chorar
Mas o mundo esgotou minhas lágrimas
E chorei por coisas ridículas
Quando fiz o contrário com a vida que morria à minha frente.
Queria poder não ouvir as pessoas
Pois mudo de caminho sempre que alguém me critica
E me escondo quando deveria dar a cara à tapa
E me exponho quando deveria sentir vergonha
Queria poder sentir a dor do meu irmão faminto

E reclamo do sal em meu prato tendo ao lado crianças comendo barro
Queria poder mudar o mundo
Mas não consigo mudar a mim próprio
E julgo o amigo que não consegue ser forte
Quando, na verdade, deveria juntar-me a ele.
Queria poder entender o mundo
Às vezes parece um jardim
Quando na verdade as flores são feridas
E os espinhos, cicatrizes
E olho a beleza de cima quando deveria por os pés no chão e sentir o quanto as pedras doem
Queria poder escrever sem tristeza

Sou covarde... Sou covarde...
AUTOR: Poesia da Fome
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