Marcas

Ainda vejo marcas em meu rosto. Marcas de uma infância perturbada pela pobreza, pela fome e pelo preconceito a que me submeti. Hoje ainda vejo marcas do medo. Medo de tudo que me fazia chorar, medo da solidão da família, da morte, da tristeza.
Hoje eu me olho pelo reflexo no espelho e sinto a leve sensação de que o futuro não me é mais estranho. Percebo que não posso mais esperar que as pessoas me deem um abraço, pois preciso me aceitar, sem receio de sofrer.
Hoje eu percebo que, ao contrário do que dizes, não posso esquecer o passado. Dessa forma não cairei na mesma lama, não tropeçarei na mesma pedra, nem deixarei me ferirem pelas mesmas pedras e pessoas.

Hoje sinto que sou forte e que posso ainda ir mais longe e acreditar que a vida é mais bonita.

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